Já terminou faz tempo a paciência de moradores e produtores rurais ou que moram ou que têm seus negócios às margens da rodovia estadual SC-459, que liga Caçador a Timbó Grande. O péssimo estado de conservação da via, aliado a eternas promessas de melhorias só aumentam a indignação de comunidades inteiras.
A SC-459, também denominada Rodovia Engenheiro Lineu Bonato nasce no chamado KM 17 da rodovia SC-350, que liga Caçador até o município de Calmon. A via já foi municipal e foi estadualizada com o objetivo de se buscar o projeto para sua pavimentação. Porém, passadas décadas inteiras quem ali vive sofre com a lama e o pó, sem ver essa espera terminar.
A via tem importância econômica, uma vez que é a principal artéria de escoamento de produção rural em uma região com extensas plantações de produtos como batata, milho, feijão e outros, além da produção pecuária. Já foi anunciado também que em breve será implantado em sua margem um moderno e amplo Parque Eólico.
A SC-459 também responde pelo escoamento de produção de madeira, visto que na região há grande quantidade de reflorestamentos, especialmente de indústrias madeireiras de Caçador.
Mas, além do aspecto econômico, também tem o social. A SC-459 completa a ligação mais próxima entre os municípios de Caçador e Timbó Grande. São cerca de 40 quilômetros passando por comunidades históricas como São João de Cima (em Caçador/Calmon) e Serra Chata e Cachoeira, no município de Timbó Grande. Se asfaltada, por exemplo, seria o melhor caminho para dezenas de estudantes se deslocarem diariamente de Timbó Grande até a Uniarp, em Caçador, poupando tempo e saúde.
“É buraco dentro de buraco”, diz morador
O drama de quem precisa transitar pela SC-459 piora em tempos chuvosos. Recentemente, com apenas alguns dias de chuva, isso ficou evidente, ao ponto de um morador enviar fotos para a Rádio Caçanjurê e imprensa local buscando expor o problema.
O desabafo foi feito pelo pecuarista, Antônio Agostinho Bertoni, 74 anos. Ele mora e tem propriedade na comunidade de São João de Cima, onde além da pecuária também arrenda parte do terreno para plantadores de batata. “Lá é assim, pra sair de casa tem que pensar duas vezes. A estrada está intransitável. Não tem condição de a gente passar”, comentou.
Bertoni detalha que o isolamento das comunidades daquela região traz prejuízos econômicos e humanos. “Nós estamos sem condições de andar nessa estrada que está péssima”, diz. Ele cobra as autoridades. “É uma estrada estadual e não tem nem condição de andar, é buraco dentro de buraco, por isso fiz essas imagens (foto) para mostrar as condições”, disse. “Alguém tem que tomar providência, pois não está fácil. Pagamos imposto pro governo e não mandam arrumar (a via). Estamos ilhados aqui. Vamos sair e encalhar ou estragar o carro, sem condição”, completa.
Outro morador que preferiu não se identificar também sentenciou a qualidade da via como precária, em uma região, segundo ele, com alto poder econômico. “Passa governo e entre governo e ninguém se mexe. Pra tudo dependemos dessa estrada e com essa condição que está ai nossas vidas ficam engessadas”, reclamou.