Dia 4 de agosto de 2022 foi publicado no Diário Oficial da União a portaria GM/MS Nº 3.212, que habilitou o Hospital Maice de Caçador-SC como Unidade de Assistência em Alta Complexidade Cardiovascular.
A data é histórica para o Hospital e para os moradores de toda a grande região que agora, contam com atendimento especializado e de excelência. Um ganho de tempo e de vidas salvas. São mais de 3.800 atendimentos eletivos e de urgência, somente pelo SUS de novembro de 2023 até agora.
Os atendimentos mais frequentes são de alta complexidade, principalmente de pacientes com insuficiência coronariana aguda, insuficiência cardíaca avançada, arritmias, doenças inflamatórias do miocárdio e pericárdio, hipertensão grave, tromboembolismo pulmonar, dissecção ou aneurismas de aorta torácica, doenças das valvas cardíacas, cardiopatias congênitas e tumores cardíacos.
O serviço de cardiologia do Maice conta com quatro pilares: hemodinâmica, cirurgia cardíaca, cardiologia clínica e a cirurgia vascular.
Ele não sabia, mas estava tendo um infarto
Dia 24 de outubro de 2022, uma segunda-feira. Ao chegar em casa, na cidade de Videira, Teófilo José, então com 71 anos, abriu o portão e sentiu uma dor no peito. Entrou em casa e pediu para a esposa um remédio para dor. Ele não sabia, mas estava tendo um infarto.
Com a dor persistente, o filho ligou para os serviços de emergência e logo, Teófilo foi levado pelo SAMU para o hospital de Videira, onde foi constatado o quadro grave. Havia a opção de ir até Chapecó para o atendimento, mas Caçador estava iniciando na cardiologia e havia vaga. “Eu nem imaginava que era um infarto. Foi um grande susto. Fui transportado até Caçador, em meio a paralisação dos caminheiros. Fiquei 10 dias no hospital Maice esperando chegar os equipamentos, por conta dos bloqueios nas rodovias”, recorda Teófilo, pai de cinco filhos e avô de seis netos.
Ele passou pela cirurgia de ponte de safena, dia 04 de novembro de 2022. O procedimento foi realizado pelo médico Dr. Daniel Corrêa. Teófilo José, foi o primeiro paciente que realizou uma cirurgia na Unidade de Assistência em Alta Complexidade Cardiovascular do hospital Maice.
A filha, Jucione conta que toda a família ficou apreensiva com a situação do pai, mas depois da cirurgia veio o alívio. “Tudo aconteceu no meio da greve dos caminhoneiros e depois, quando ele teve alta, tinha a pandemia. Ele precisava se cuidar ainda mais para não ter complicações. Mas quando ele voltou para casa, foi uma grande festa”, recorda.
Hoje, Teófilo comemora a saúde reestabelecida e cultiva hábitos mais saudáveis. “Aquela carne gorda era boa, mas agora não faz mais parte da minha rotina”, brinca.
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Uma batalha de longa data
Até a habilitação, a direção do Hospital Maice e o Conselho Consultivo trilharam um caminho árduo. Foram muitas reuniões, viagens e ações para comprovar a necessidade do serviço de cardiologia na região.
A preocupação são os altos índices de infartos. Apenas para exemplificar, entre 2021 e 2022, foram 37 óbitos por infarto agudo do miocárdio somente em Caçador, segundo dados levantados no DataSUS. Em 2023, com a Cardiologia do Maice já em funcionamento, este número caiu para oito.
“A doença cardíaca é a que mais gera impacto na saúde. O infarto agudo do miocárdio é a doença que mais mata no mundo. O tratamento é realizado adequadamente quando a gente consegue chegar nesse paciente. Existe um tempo determinado para fazer a correção necessária e a gente fica pensando, quantas pessoas infartaram até a hemodinâmica ser inaugurada, em 2022. Quantas vidas se perderam”, comenta o médico Matheus Frezza de Oliveira, que atua na hemodinâmica do Maice desde o início.
Ele explica que como médico, é gratificante ter as condições necessárias para atender os pacientes e gerar impactos tão positivos na vida das pessoas. “Principalmente no SUS, sendo o maior volume de atendimentos do hospital, a mortalidade diminuiu significativamente, além das sequelas deixadas por um infarto. O paciente sai da possibilidade de um evento de final de vida para retornar a uma vida normal e produtiva. Então, isso é muito gratificante para toda a nossa equipe”, destaca.
A irmã Elizabeth Lima, diretora do Hospital Maice, lembra que o trabalho para implantar a cardiologia iniciou em 2013. “No livro do Ecclesiastes, capítulo 3, se diz: ‘Debaixo do sol há um tempo para tudo, tempo para plantar, tempo para colher’. E falando da habilitação deste grande serviço que atende toda essa macrorregião, podemos dizer que foi um tempo de longa plantação, longa espera, longa preparação. Desde o final de 2013, nós começamos este grande movimento para trazer este serviço para o nosso hospital, para atender toda a nossa região”, recorda.
A Irmã explica que foram muitos os desafios e entraves ao longo do caminho. “Mas com garra, determinação, apoio de muitos da comunidade, principalmente através da SIC, do Conselho Consultivo, de políticos da nossa região, de políticos ao nível até de Brasil, nós conseguimos. Perseverança de nove anos, de muita busca, de preparação, adequação do ambiente, aquisição de equipamentos, organização da equipe, de profissionais médicos e demais profissionais, para compor essa nova especialidade, sendo de alta complexidade. Então, um sonho que parecia muito distante se tornou realidade”, afirma.
“Hoje só temos gratidão. Nossa gratidão a todos, que, de uma maneira ou de outra, nos incentivaram. Que Deus continue nos abençoando, que a gente continue fazendo o nosso melhor, que é salvar vidas”, completa.
Média diária de infartos segue em alta
Em 2024, em toda a rede hospitalar de SC, pelo SUS, foram registradas 7.362 internações por infarto agudo do miocárdio.
Na região, são altos os índices de pressão alta, obesidade, tabagismo, alcoolismo, diabetes, todos os fatores que podem levar a infartos, além de acidente vascular cerebral (AVC), doença renal crônica, entre outras. “Atualmente, temos uma média de quatro a cinco infartos por dia. É um número considerável para a região. Antes, para fazer o tratamento do infarto, o paciente tinha que se deslocar 170 quilômetros, e hoje, a gente consegue fazer isso na cidade de Caçador”, salienta Dr. Luiz Valentin Morello Filho, que atua na cardiologia clínica do Hospital Maice, serviço que iniciou em outubro de 2022.
A cardiologia clínica compõe a parte clínica da cardiologia e a parte de imagem cardiovascular, os exames. É o serviço que presta o primeiro atendimento ao paciente e o responsável por fazer o diagnóstico de infarto ou de outras complicações cardíacas. “Estamos indo para o terceiro ano de cardiologia aqui e vemos ser um avanço. Em termos de qualidade de vida para o paciente, em termos de mortalidade, com certeza a gente está fazendo a diferença”, afirma. “O importante para o coração é o tempo. E quanto mais rápido a gente consegue resolver o problema da obstrução das coronárias, o infarto, mais chance de recuperação completa esse paciente possui”, completa.
Dr. Morello parabeniza todos que lutaram para garantir este serviço, tão essencial. “Eu acompanhei desde o início e os méritos todos são da direção do Hospital Maice, do Conselho Consultivo, da iniciativa privada, do poder público e da comunidade. Uma união de esforços em prol deste bem maior, para todos. O Hospital aqui em Caçador está sendo a referência em cardiologia. Estamos sempre nos atualizando, aumentando a equipe a cada ano, colocando novos procedimentos, novas tecnologias para o diagnóstico das doenças do coração. Estamos aqui para ajudar, para oferecer os melhores cuidados possíveis para todos os pacientes”, reforça.
Setor atende metade do oeste catarinense
Pacientes de mais de 40 municípios são atendidos pela cardiologia do hospital Maice. O médico Dr. Daniel Corrêa, diretor técnico do Maice, acompanhou de perto a batalha para implantar em Caçador a cardiologia.
Ele atua na cirurgia cardíaca e, com toda a equipe, ajuda a salvar mais vidas todos os dias. “Temos um serviço estruturado aqui em Caçador e estamos ganhando mais tempo de diagnóstico e de tratamento. Isso é fundamental para os pacientes”, explica.
Mas o desafio permanece. Agora, o hospital Maice trabalha para se tornar um centro de referência em cardiologia, buscando a implantação de novos procedimentos como cirurgia endovascular, eletrofisiologia, implante de CDI (um marcapasso mais completo), implante trans cateter de válvula aórtica (Tavi), entre outros.
O setor de cardiologia do hospital Maice:
Hemodinâmica: Dr. Daniel Calheiros Batista e Dr. Mateus Frezza de Oliveira
Cirurgia cardíaca: Dr. Daniel Rossano Corrêa Dr. Murilo Santos Bett
Cardiologia clínica: Dr. Gustavo Cagliari, Dr. Leonardo Bressan, Dr. Felipe Crochamore e Dr. Luiz Valentin Morello Filho.
Cirurgia vascular: Dr. Jackson Bernardi e Dr. José Victor Caporali
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Fique atento
A prevenção é fundamental: monitoramento do colesterol, adoção de exercícios físicos, redução do sal e açúcares. Condições como pressão alta ou doença arterial coronária podem permanecer silenciosas por anos. É importante estar atento e manter exames e consultas médicas em dia para detectar sinais de alerta precoce de doença cardiovascular grave.